ADRIANNA OLIVEIRA

As entrevistas desta seção foram realizadas para dissertação de mestrado de Ramiro Quaresma da Silva, idealizador e curador do site, para o Programa de Pós-graduação em Artes (PPGArtes) do Instituto de Ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), intitulada “O site cinematecaparaense.org e a preservação virtual do patrimônio audiovisual: uma cartografia de vivências cinematográficas”.

Seu nome completo, local e data de nascimento.

Adrianna Samara da Silva Oliveira, Belém/PA, 13 de novembro de 1992.

 

Fale sobre sua formação teórica, técnica e prática em cinema.

Estudo na UNAMA e curso o 8° semestre de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. Nunca soube sobre cinema, tampouco sobre a sua técnica. O máximo que estudei foi Roteiro de cinema em um curso que fiz na Caiana Filmes em 2011.  E nem mesmo sei se a minha experiência com o audiovisual pode ser considerada cinema. O que posso dizer é que assisti alguns filmes e comecei a trabalhar com vídeos em 2012. Através de um festival da universidade que, por sinal era obrigatório, comecei a criar curtas-metragens com alguns amigos da sala. Isso também foi em 2012. Então a empresa que eu trabalho me ensinou a como criar uma história fácil e executável, me ensinou a editar algumas coisas que eu não sabia e até me emprestou quase tudo o que eu precisava.  O curta, cujo nome é “Tecnicolor”, ficou pronto. Bem ”meia boca”, por sinal. Ganhou alguns prêmios e, no outro ano, em 2013, produzimos mais dois filmes que ficaram um pouco melhores, o “Espátula e Bisturi” e o “Curtinha dos pés” que, também, ganharam alguns prêmios. Dessa vez fomos um pouco mais independentes e um pouco mais ousados também. Trabalhamos com algo que mal sabíamos e mal sabemos. Produção. No fim das contas, essa foi a minha “prática em cinema”. Algo que nem sei se de fato é cinema. Acho que não.

 

Você já visitou, pesquisou ou assistiu filmes em uma cinemateca ou arquivo de filmes?

Não. Nem sei onde tem.

 

Quais suas principais referências na criação cinematográfica? Alguma do estado do Pará?

No Pará eu tenho como referência algumas pessoas que, talvez, nunca tenham participado na produção de filmes, mas que possuem algumas características que eu me espelho na hora de produzir. Thiago Pelaes na área de fotografia e direção. Alexandre Nogueira na elaboração de roteiro. Brunno Regis na produção, criação e fotografia. Gustavo Godinho na fotografia e direção e, por fim, Priscila Brasil na fotografia e edição. Além das referências do Pará, os diretores que gosto sempre de observar são: Wes Anderson, Heitor Dhalia e Cláudio Assis.

 

Quais foram suas realizações, e também participações em produções, em cinema e audiovisual? E no momento atual?

Os curtas-metragens que já fiz são: Tecnicolor (filmagem, edição), Espátula e Bisturi (direção, roteiro, filmagem, edição), Curtinha dos pés (direção, filmagem, edição).

Eu trabalho como editora de vídeos na Clarté e através dela fiz a edição do clipe da banda Strobo – Minimal, edição do comercial Amaral Costa – Saúde é uma questão de felicidade, colorização do comercial Amaral Costa – Uma história de carinho com você, etc. Além disso tem vídeos de festa que, no fim das contas, acaba sendo um mini clipe ou curta, sei lá, vídeos de abertura de festivais e assim por diante. A última produção foi o vídeo de abertura e as vinhetas do Osga 2014. Esse ficou bacana. No momento estou fazendo um mini documentário para o meu TCC sobre o aumento da produção audiovisual independente na cidade de Belém através das câmeras DSLR.

 

Quais os principais festivais e mostras que já participou?

Festival Osga de vídeos universitários, FAB, Cinco minutos na Bahia, Cinemato em Cuiabá.

 

Onde estão guardados seus filmes, material bruto e cópia final? Onde os pesquisadores podem encontrá-los?

Estão guardados em alguns HD’s. Para visualização online, o único lugar que pode-se encontrar é o youtube. Adrianna Oliveira.

 

Como você observa o cinema e o audiovisual paraense contemporâneos?

Acho que os paraenses passaram muito tempo produzindo muito pouco. Na minha visão, nunca produzimos tanto quanto agora. Eu entendo que essa é uma característica não somente do Pará, mas é inevitável ressaltar o que o barateamento de câmeras e até mesmo a chegada das, já ultrapassadas, DSLR’s fez em nosso meio. Antigos entusiastas passaram a ter a possibilidade de finalmente produzir algo de qualidade com muito menos. É óbvio que ter mais equipamentos disponíveis gera a questão da banalização do conteúdo, mas isso até mesmo Hollywood sofreu. Acho que no momento estamos vivendo uma fase de amadurecimento, criação e menos reprodução. Pelo menos no meio em que eu vivo, as pessoas que produzem estão entendendo mais que o modo norte americano não é a única opção. Algo muito bom para quem deseja ver o Pará inserido no cenário audiovisual brasileiro.

 

Como você financiou seus projetos em cinema e qual sua opinião sobre os editais e fontes de financiamento públicas atuais.

Meus projetos foram feitos através de empréstimos. Tudo o que eu precisava e não tinha, pedia da empresa em que eu trabalho. Pode parecer muito, mas nada do que eu já tenha feito precisou de muito mais do que uma câmera, duas lentes e um monopé.

Acho que os editais são uma boa opção, mas são tão complicados que aparentam ter a necessidade de um curso básico para conseguir se inscrever. Tenho noção de que as oportunidades estão melhorando para o Norte do Brasil. Até mesmo verba para ficção está sendo oferecida aos paraenses. No entanto, ninguém que eu conheça já foi contemplado. Acredito que se não for impossível, é muito difícil.

 

Sua opinião sobre a substituição da película (filme) pelo suporte digital para captação e projeção de cinema.

Lamento por conta da perda de profundidade de campo que se tinha na película. A câmera mais incrível e mais cara não é capaz de reproduzir o filmlook que se tinha com o modo tradicional. No entanto, o processo digital é muito mais prático, barato e viável. Se a película imperasse, até hoje muitos de nós não faríamos filmes. Pensando bem, acho que seria melhor. Risos. Gostaria que ambos tivessem seu espaço, mas acredito que seja uma alternativa um pouco ingênua da minha parte.

 

Qual sua opinião sobre a web como forma de difusão do cinema? Você tem experiências de compartilhamento de conteúdo autoral nesse meio?

Tudo o que eu produzi até agora certamente só foi visto por conta da internet. Não somente os meus filmes como, também, a popularização de muitas obras que outrora foram esquecidas. Vejo a internet como uma grande oportunidade para descobrir novidades, mas também como grande banalizadora do que quer que seja. Ao mesmo tempo, me pergunto: “Como saber se o espectador que viu Os bons companheiros em uma fita VHS apreciou mais o filme do que alguém que fez o download no torrent?” É até meio ignorante pensar que a facilidade da visualização vai depreciar o conteúdo do produto. No entanto, milhares de opiniões sem o mínimo critério sobre algo que foi visto, talvez, superficialmente, me faz pensar nos filmes na internet como comerciais na TV. Algo que foi feito com apreço, visto por quem não quer realmente ver.

 

Entrevista realizada com Adrianna Oliveira, no dia 23/08/2014

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