PROMESSA EM AZUL E BRANCO

 

 

O filme “Promessa em Azul e Branco” é uma co-produção inédita entre as produtoras Z Filmes, da cidade de Belém (PA) e Novelo Filmes, de Florianópolis (SC), onde o mesmo será gravado. O roteiro é uma adaptação do conto homônimo de Eneida de Moraes e encontra-se em fase de pré-produção, tendo a finalização prevista ainda para o primeiro semestre deste ano.

 

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Leia matéria com uma entrevista com a Diretora Zihene Castro publicada em O Diário do Pará:

Belém sempre foi uma presença constante na literatura de Eneida de Moraes (1904-1971). A cidade serviu de pano de fundo de sua obra, de caráter fortemente autobiográfico. Como é o caso de “Promessa em Azul em Branco”, publicado em 1957. A crônica baseada nas memórias de infância da autora conta a história da menina que se vê obrigada a vestir apenas as mesmas cores.

Entretanto, para finalmente dar cabo do projeto idealizado há onze anos, Zienhe Castro se viu obrigada a arriscar. Trocou a capital paraense por Florianópolis como locação do curta homônimo, realizado em parceria com a produtora catarinense Novelo Filmes. Como define a diretora, o resultado é uma história universal que não se limita a aspectos regionalistas. “A localização geográfica do filme não tem importância no contexto do filme. O que está em questão aqui é esse conflito: de um lado os desejos dessa criança e do outro a pressão da família para que assuma uma responsabilidade que não é sua, essa imposição social que ela tem que cumprir. É uma história muito humana e que toca qualquer pessoa, independente de ser paraense ou não”, defende Zienhe.

Premiado com edital de incentivo do Ministério da Cultura, “Promessa em Azul e Branco” inicialmente seria rodado no Pará. No começo de 2011, a produção chegou a sondar locações em Vigia e Bragança, em busca de casarões da época. O processo de seleção para as atrizes mirins chegou a mobilizar duzentas meninas em Belém. Mas por razões de custo de produção, a obra foi transferida para o Sul do país. “Produzir no Pará iria quase dobrar o valor do filme”, lamenta Zienhe Castro.

Na adaptação, Eneida (interpretada por duas atrizes catarinenses em dois períodos diferentes: Isabela Caprário de Oliveira, que vive Eneida aos 8 anos, e Ana Paula Costa Augustinho, aos 14) é uma garota que padece com uma estranha imposição da família: só pode usar azul-claro e branco nas roupas até completar 15 anos. A razão é uma promessa feita por sua avó (interpretada pela catarinense Emery Maria) a Nossa Senhora de Nazaré, pela recuperação de seu pai doente (o paraense Cláudio Barros). Faz ainda parte do elenco a paraense Cei Melo, no papel de mãe de Eneida.

Obra resgata legado da autora

‘Promessa em Azul e Branco’ se passa nos anos 1970. A trama ganha então um tom mais político, ao sofrer as repercussões da ditadura militar.

“Essa questão política, ideológica, era muito cara à Eneida. Ela era militante comunista, na década de 30 foi presa sucessiva vezes pelo governo de Getúlio Vargas. Ambientar a história no período da ditadura nos deu a possibilidade de lidar com essa ferida ainda muito aberta para a minha geração. De certa forma o amadurecimento da personagem é acompanhada pela perda de inocência do país que foi o regime militar”, compara a diretora paraense.

Filmado em abril deste ano, “Promessa em Azul e Branco” se encontra emfase de pós-produção, com previsão de lançamento apenas no início de 2013. Em entrevista ao VOCÊ, a diretora fala um pouco sobre o processo de produção do curta, sua relação com a obra de Eneida de Moraes e revela uma surpresa envolvendo a escritora. Acompanhe:

P – Como foi que começou seu interesse pela obra da Eneida?

– Quando estava estudando cinema no Rio, em 2001, iniciei uma pesquisa sobre escritoras paraenses. A intenção era lançar luz a mulheres pouco reconhecidas, que se expressaram por meio de alguma linguagem artística e que haviam contribuído efetivamente com o fomento e a difusão da cultura paraense. Fiquei apaixonada pela escrita simples e ao mesmo tempo carregada de emoção de Eneida de Moraes.

P – Como se deu a pesquisa?

R – Vim a Belém para passar férias e conversei com o Adriano Barroso (jornalista e dramaturgo paraense) sobre o meu interesse pela obra de Eneida. Ele gostou muito da ideia de trabalhar com as crônicas da escritora. Assim começamos a pesquisa. Ainda tive que ir atrás dos direitos autorais e passei quase dois anos só para conseguí-los, para só então adaptar o conto.

P – Aliás, que aspecto lhe chama mais atenção na obra da autora?

R – O tom crítico sutil. Tudo está nas entrelinhas. Ela sempre teve uma postura contestadora e foi uma mulher forte, corajosa, irreverente, moderna para a época em que atuou. Sua trajetória política e intelectual foi muito expressiva. Consagrou-se como uma grande carnavalesca no Rio de Janeiro.

P – O que é, pra você, tirar ‘Promessa em Azul e branco’ do papel e transportá-lo para as telas?

R – É acreditar que nós paraenses temos um papel importante na questão da preservação da memória e na difusão da nossa cultura. Sobretudo, aos artistas que efetivamente contribuíram com a produção intelectual paraense. Eneida de Moraes foi a fundadora do MIS-PA e isso ainda não teve o merecido reconhecimento. Ela ainda é uma ilustre desconhecida, infelizmente. Consegui também junto aos herdeiros de Eneida os direitos autorais para realizar uma cinebiografia sobre a vida da escritora. Estou desenvolvendo esse projeto ao lado do Carlos Corrêa Santos, dramaturgo que adaptou uma peça sobre a escritora (“Eu Me Confesso Eneida”, 2011). A minha história com Eneida ainda está longe de acabar.

SAIBA MAIS

Confira o trailer de ‘Promessa em Azul e Branco’, de Zienhe Castro, através da página do filme no Facebook:www.facebook.com/promessaemazulebranco

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